O Dia Internacional da Língua Materna é uma data de extrema importância, que serve não só para homenagear um importante grupo de estudantes - como será visto mais abaixo - mas também para reforçar a importância que a língua materna, seja para fins de preservação de línguas em risco de extinção ou seja para a valorização do multiculturalismo expresso através da linguagem.
O dia internacional da língua materna foi declarado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) em 1999 como forma de relembrar a luta de um grupo de estudantes indianos que ficaram conhecidos como os “mártires da linguagem”, que eram obrigados a realizarem atividades acadêmicas na língua inglesa sem receber antes o devido treinamento.
Assim, fica evidente que se trata de uma data que vai muito além da língua propriamente dita, pois já que a língua é um instrumento de interação social que carrega em si diversas marcas sociais, culturais e históricas, a data também faz menção à promoção do multiculturalismo.
Dia Internacional da Língua Materna: reflexões sobre o panorama do Brasil
Apesar do Brasil ter um único idioma oficial, a língua portuguesa, somos um dos países com a maior diversidade linguística de todo o mundo. Para se ter ideia, mesmo diante de todas a perda cultural que o país teve devido à opressão dos povos indígenas, ainda hoje existem literalmente dezenas de línguas faladas no Brasil.
De acordo com Luciana Stoto em seu livro “Línguas indígenas: tradições, universais e diversidade”, existem hoje no Brasil 154 idiomas falados por tribos indígenas. No entanto, ainda que possa parecer um número expressivo, é preciso considerar que 87% delas estão em risco de extinção - isto é, são faladas por menos de 10.000 falantes - e que esse número já foi muito maior, pois de acordo com linguistas, estima-se que na época do Brasil colônia eram faladas mais de 2.000 línguas no que hoje corresponde ao território do país.
Mesmo que muito do que foi perdido não possa ser recuperado, é possível preservar aquilo que ainda existe, e a preservação e valorização das línguas indígenas é um dever de todos, já que refletem como nenhum outro artefato a cultura e transformações sofridas ao longo do tempo por uma sociedade.